Feirante brabo

 

A chamada Feira das Feiras está, desde 27 de setembro de 2017, entre os bens imateriais reconhecidos como Patrimônio Cultural do Brasil e foi inscrita, pelo Iphan, no Livro de Registro dos Lugares. Localizada no município de Campina Grande, Estado da Paraíba, essa Feira transformou a vida e a paisagem do Planalto da Borborema e foi mudando de lugar ao longo do tempo, desde seus primeiros caminhos, ainda no século XVIII. Crescendo em importância e dimensões, passou a ser objeto de interesse de propostas de requalificação urbana, que deverão ser conduzidos conforme as necessidades das pessoas que a vivenciam, diariamente.

Ao longo dos anos, décadas e séculos, a feira-cidade cresceu e se tornou uma das maiores referências do mercado da região, marcando a vivência coletiva de milhares de trabalhadores e exercendo poderosa influência em todo o interior nordestino, especialmente nos estados da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Trata-se de um lugar patrimônio cultural de resistente continuidade histórica em meio às vicissitudes políticas locais. Aproximadamente 75 mil metros quadrados dão a base da Feira de Campina Grande, que se amplia para além de seus limites, entre ruas e barracas, nos dias de mais movimento.

De segunda a sábado, o movimento caótico de pessoas e mercadorias atrai pelo tamanho, relevância e diversidade. É por isso que se diz que tudo o que se procura é possível encontrar na Feira: frutas, hortaliças, cereais, ervas, carnes, animais (vivos ou abatidos), roupas, flores, doces, artesanato, acessórios para pecuária, comida regional e serviços. Diversos personagens dão vida ao lugar. Eles são os seleiros, mangaieiros, flandreleiros, barbeiros, balaieiros, raizeiros, fateiros – e tantos outros mestres, com seus saberes e ofícios tradicionais.

FONTE: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Escutar o que as pessoas tem a dizer em um determinado território expõe a brabeza da vida coletiva. É beber dessa água que é gente.  Desde 2017, é realizado o registro fotográfico e a escuta de histórias sobre a feira e seus trabalhadores. Seguindo os passos de projetos como o Geração da Leitura, no Abrigo do Cristo Redentor de São Gonçalo-RJ e Memória de Manguinhos em Cordel, o Projeto Feirante Brabo visa a escuta e a criação de canais de expressão para seus trabalhadores e visitantes da feira. 

Folheto de cordel – O trabalhador da Feira Central da nossa cidade  (Campina Grande-PB), por Tiago Duarte, o poeta feirante.